Falar a verdade faz bem à saúde, diz pesquisa
- Por Daniel Galvão
- Publicado em saúde
"Por isso deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros". O conselho do apóstolo Paulo, registrado em Efésios 4.25, continua atual e necessário como quando escrito há quase 2 mil anos. Uma das prerrogativas de quem é iluminado pelo Evangelho é abandonar a mentira e suas conseqüências para vivenciar a verdade e todos os seus benefícios. Entretanto, contar histórias falsas de forma sistematizada não é raro e pode, na verdade, revelar uma doença conhecida como mitomania.
É o que explica o psiquiatra e doutorando do Departamento de Psquiatria da Unifesp, Adriano Resende Lima, em reportagem publicada pelo portal Terra. "A pessoa cria situações falsas, vivencia a mentira, cria uma realidade paralela e acredita nela", explicou à jornalista Thais Sabino. Nos casos mais agudos, terapia e até uso de medicamentos são o caminho da cura.
O argumento do especialista é confirmado pelo pastor Carlos Bregantin, do Caminho da Graça, em SP, que falou à Soma. Ele explicou que a mentira acaba "drenando" quem se submete a ela como estilo de vida. "Penso que o ser humano minta sempre, mesmo que, embora, busque falar a verdade sempre. A mentira como vício, cria um universo inexistente no qual o mentiroso corre o risco de se mudar pra lá. Isto faz com que o mentiroso viva num mundo que não existe e gaste toda energia que tem pra manter este universo mentiroso", argumentou.
Por outro lado, falar a verdade faz bem à saúde. De acordo com um estudo publicado pela Revista Época, psicólogos da Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos, fizeram por dez semanas um experimento e avaliaram os efeitos da honestidade em uma pessoa. Ao todo, mais de 100 pessoas, com idades entre 18 e 71 anos, foram analisadas.
A conclusão dos especialistas americanos surpreende. De acordo com a reportagem da revista, a relação entre mentir menos e ter uma saúde melhor existe. "Evidências recentes indicam que os americanos mentem, em média, 11 vezes por semana. Nós queríamos saber se viver mais honestamente pode levar a uma melhor saúde", explicou Anita Kelley, psicóloga que liderou o estudo, aos jornalistas de Época.
Na prática, por exemplo, o grupo dos que falavam a verdade na pesquisa apresentaram, em média, quatro vezes menos queixas ligadas à saúde mental e três vezes menos reclamações sobre dores físicas. Assim, além de ser uma das premissas de quem professa a fé cristã, falar a verdade ganha apoio científico para que seja uma prática cada vez mais comum entre aqueles que desejam viver mais e melhor.