Princípios de capelania hospitalar
- Por Rev. Paulo de Tarso Rangel Ribeiro
- Publicado em meandros da CAPELANIA HOSPITALAR
Experiência e treinamento a que me submeti ocorreu durante todo o primeiro semestre de 2003, no “Pomona Valley Hospital” em Los Angeles, Califórnia, em tempo integral, ao cumprir um dos requisitos para a minha ordenação como Ministro da Palavra e dos Sacramentos da PC USA (Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos).
EXPERIÊNCIA E TREINAMENTO PESSOAL
Foi uma experiência extraordinária, aplicando-se o aprendizado da Teologia à vida prática do ministério pastoral.
Tal treinamento me levou a conviver, todos os dias, com a realidade da vida e da morte, ao dar assistência a pessoas hospitalizadas, como também a suas famílias.
O treinamento me levou a crescer espiritualmente, transformando a minha perspectiva de vida e de ministério depois do estágio de “Clinical Pastoral Education”.
Tudo teve início com uma auto-avaliação levada a cabo no primeiro dia, em retiro espiritual com os treinandos, sob a liderança do supervisor, onde foi possível refletir acerca da nossa experiência de vida, e expondo como nos vemos a nós mesmos, tanto como pessoa, quanto como cristãos.
A cada semana nos reuníamos com o supervisor para relatar nossas experiências com os pacientes, e nossas reações ao que acontecia.
Ao final dos seis meses, outro retiro espiritual para compartilharmos, em oração, acerca do que mudou na nossa percepção de quem somos, após todo aquele processo de treinamento, que serve também como cura para nossas feridas da alma.
PRINCÍPIOS DO MINISTÉRIO DE CAPELANIA
Devemos tratar e assistir cada pessoa e cada família, buscando entender o contexto das experiências de vida de cada um e respeitando a perspectiva de fé e de religião das pessoas, sem querermos impor a nossa fé e a nossa crença religiosa aos outros.
O Senhor nos usará para levantar o estado de espírito das pessoas, mas sabendo-se que também, em alguns casos, aprendemos com elas, sem fazermos acepção de pessoas.
Por exemplo: Antes de falarmos, devemos ouvir o paciente, se estiver lúcido; a família, se for o caso, e buscar entender o sofrimento deles, para então ministrarmos uma palavra de esperança adequada à situação deles, e, orando juntos, se o paciente e/ou a família o desejar.
Quando se tratar de pessoas de outras religiões, busquemos discernimento com o Espírito Santo, sobre como levar-lhes uma Palavra de esperança da parte de Deus.
TRABALHO EM EQUIPE
O trabalho de capelania, se bem orientado, deve ser desenvolvido em equipe, envolvendo os médicos(as), enfermeiros(as), e demais profissionais que trabalham juntos nos hospitais que tratam do ser humano integralmente, ou seja, corpo, alma e espírito.
Nas reuniões, para discutir o tratamento a ser ministrado, as decisões tomadas em conjunto, com a presnça do capelão, que provê oração, certamente contarão com a sabedoria vinda de Deus para o trabalho de todos.
DIFERENÇAS CULTURAIS
A cultura anglo-saxônica nos EUA não permite que os capelães operem com a necessária liberdade para discernirem sobre o tipo de abordagem a fazer com o paciente.
O capelão, muitas vezes, não pode sequer orar com uma pessoa sem a prévia autorização expressa quando da admissão do paciente no hospital, o que dificulta o aconselhamento espiritual.
Exemplo: num determinado momento, se o paciente já está sem consciência, nada pode o capelão fazer, a não ser orar silenciosamente, intercedendo pelo enfermo.
A experiência mostra que muitas vezes, quando a pessoa já se encontra em fase terminal, ela quer privacidade em sua conversa com o capelão, até às vezes separado da família.
Porque o paciente deseja compartilhar algo muito particular quanto a pecados mantidos em segredo durante toda a vida, e aí deseja se livrar da culpa que carrega sobre seus ombros.
Nestes casos, em confiança manifesta o desejo de intercessão junto ao Senhor Deus, para confessar seus pecados.
Há até pessoas que se convertem a Cristo Jesus nesses momentos de angústia, com a ajuda do capelão.
Concluindo, digo que, basicamente, a capelania é um ministério que necessita da sensibilidade para se operar com o ser humano com compaixão, sempre dependendo da ajuda do Espírito Santo de Deus.
O Santo Espírito Consolador nos usa como instrumentos do Senhor para ministrar a cura espiritual para aqueles que – sofrendo a dor do corpo – não suportam, muitas vezes, a dor da alma – e assim, buscam o alívio para superar seus problemas do agora, com vistas às promessas eternas de Deus, que vêm pela Graça, mediante a Fé.
São muitos casos específicos da minha esperiência pastoral assistindo a pessoas hospitalizadas, e a pessoas em casas de repouso que, certamente, demonstram que elas estão sensíveis às coisas de natureza espiritual, que passam a ver como são mais profundas que as experiências de suas vidas materiais.
Por: Rev. Paulo de Tarso Ribeiro
“Clinical Pastoral Education”
Capelania Hospitalar.